- Autora: Cris Kozovits
- Ilustrador: Ricardo Sá
- Ano: 2019
Trabalho desenvolvido: A história foi criada sob demanda de uma grande empresa, como peça de sensibilização das lideranças para a transformação organizacional. O Príncipe dos Mares faz uma analogia à velocidade das mudanças no mundo atual e à necessidade de uma renovação do mindset dos líderes para que se adequem às exigências de um novo mercado e um novo consumidor, tendo como foco a inovação e a competitividade da empresa.
Já era fim de tarde quando as crianças da Vila do Norte sentaram-se em volta da fogueira na cabana do Capitão para ouvir as histórias sobre a Ilha das 7 praias. Naquela noite, o velho Capitão havia prometido contar a história do Príncipe dos Mares, cuja carcaça jazia na praia, como um monumento, uma homenagem ao seu passado de glórias.
O “morador” mais ilustre da Vila do Norte era o Príncipe dos Mares – a maior e mais luxuosa embarcação para turistas da Ilha inteira. O barco aconchegava 40 pessoas confortavelmente e servia deliciosas refeições de frutos do mar, regadas a música ao vivo, criando uma experiência inesquecível para os turistas.
Os passeios circundavam a ilha e os turistas podiam avistar os corais, mergulhar em mar aberto em um ponto específico e, com sorte, ver golfinhos se juntarem a eles no trajeto. O barco conseguia atracar em duas das sete praias para que as pessoas pudessem curtir fotografar.
Na festa de 20 anos do Príncipe dos Mares, até o governador compareceu para inaugurar as melhorias no barco, sempre tratado com zelo e periódicas manutenções, pois a segurança e o conforto dos passageiros era uma prioridade para o Capitão e os administradores da Vila.
A essa altura, já havia se formado uma comissão na Vila composta pelo administrador, a tesoureira, os gerentes das pousadas e, é claro, o Capitão Aurélio, o guardião do Príncipe dos Mares. Eles se reuniam todas as segundas-feiras, quando o barco passava por uma limpeza geral, para discutir o que fariam com a debandada dos turistas e a invasão daqueles pequenos barcos em sua praia.
O Capitão pediu a palavra para expor uma ideia que vinha matutando há algum tempo: “talvez a gente precise mudar o percurso do Príncipe, explorar mais as maravilhas da Ilha, arriscar atracar em outras praias, levar as pessoas até os corais, descobrir novos rumos mar adentro, afinal, os turistas que vemos passar algumas horas aqui hoje em dia estão sempre equipados para mergulho ou outros esportes náuticos…”
“Acho que devemos é fazer uma promoção, baixando os preços”, sugeriu Douglas. “Hospedagem mais passeio para duas pessoas com 30% de desconto nos dias de semana!” completou, eufórico com a própria ideia.
Primeiro cortou-se alguns dias da semana: a embarcação começou a zarpar somente de quinta a domingo. Depois, reduziu-se a apenas uma viagem pela manhã de sexta a domingo, eliminando-se a parte da tarde. Acreditavam que, assim, daria para manter o quadro de funcionários do Príncipe, mesmo que com uma remuneração menor.
O Capitão via tudo aquilo com muita tristeza. Ele nasceu na Ilha, filho de pescadores. A viu crescer e florescer dentre tantos pontos turísticos. Foi ele que, após servir a Marinha, voltou pra casa para construir o Príncipe dos Mares e realizar seu grande sonho empreendedor. A sua maior paixão era proporcionar alegria e diversão aos turistas que entravam no Príncipe.