Desde muito pequena me encantei pelas palavras e nelas me perdia nas páginas de centenas de livros que meus pais mantinham na biblioteca de casa. Elas tinham poder sobre mim. Sozinha, uma palavra certa, no momento certo, era capaz de expandir minha visão de mundo num lapso de segundo e…zaz! estava eu me lapidando em meu caminho virgem de verdades absolutas!
Quando parei de soletrar as palavras, pude mergulhar nos conteúdos das histórias e definitivamente me apaixonei pelas ideias, pelos roteiros, pelos contextos, pela capacidade de certos autores de me fazer vivenciar suas narrativas: viajar por aquelas paisagens, sentir as angústias, medos e alegrias dos personagens. As palavras, combinadas, enchiam-se de significados, sentido e magia.
Cresci lendo e rabiscando poesias que nunca gostei. Naturalmente, fui parar num curso de jornalismo aos 17 anos e, depois, por obra do caminho, estudei marketing e fui para o mercado de trabalho pensando em – quem sabe um dia – colocar aquela câmera portátil, poucas roupas na mala e sair pelo mundo conhecendo lugares, culturas, personagens e suas sagas. As escolhas – nem sempre lúcidas – podaram minhas asas, mas nunca minha imaginação. Não tem jeito! Olho pro mundo como quem lê um livro; um robusto livro cheio de mistérios a desvendar. E, assim, sem câmera mesmo, segui escrevendo. Artigos, textos, projetos, livros de outrem. Editei, revisei, baguncei as palavras presas nos labirintos das caixinhas. Fui desconstruindo e reeditando a forma de dizer, sendo eu ou sendo o outro, e aí vai um bocado de psicologia!
Hoje em dia o conteúdo virou moda; coisa séria, business. Mas, o que dizer da substância. Como driblar o imenso despejo de lixo textual nas redes sociais, o assassínio da gramática, o desprezo à verdade pelas fake news criminosas? Como resgatar a essência das palavras que, combinadas, agregam valor, contam histórias de vida, impactam, ensinam e transformam pessoas, tribos e nações inteiras. Esse espaço é para quem ama as histórias e o poder das palavras, sem censura aos estilos, sem juízo de valor, somente a paixão pelo livre ato de expressar ideias e, quem sabe, por obra divina, transformar vidas.
Cris Kozovits
Foto de Luriko Yamaguchi no Pexels